OS LOTES DO MEU CORAÇÃO

Ainda tem um vago. Que um dia resolvi dar. Mas me devolveram. Depois disso, por muito tempo deixei trancado. Encheu de pó. Quando abri a porta não sabia nem o que era o quê. Estava todo bagunçado. Agora fiz uma faxina e estou esperando valorizar. De vez em quando eu alugo, mas só fora de temporada. Nesse período eu mesmo uso.

Os “lotes” do meu coração estão bem distribuídos. Mas ainda não está por todo “arrematado”.

Mas também não coloquei a venda. Só entrego na base da troca.

ETIQUETA NÃO É FRESCURA

A etiqueta serve para facilitar o nosso convívio, o nosso dia-a-dia, e até mesmo para melhorar nossa saúde.

Engana-se o que acha que só praticam desses bons modos ‘gente sem o que fazer’, ao contrário, quanto mais praticarmos, melhor. E isso não é pra qualquer um, tem que ter dedicação. É como ir à academia ou aprender uma nova língua. A vantagem é que não precisamos reservar um horário específico. Pratica-se da hora que acorda até a hora de ir dormir.

Uma prova da importância, ou da qualidade, de algo é a quebra de gerações. A etiqueta existiu nos estatutos da sociedade romana e até hoje vem sendo aprimorada. A mais nova regra de etiqueta chama-se Netiqueta, trata-se da etiqueta na internet, onde podemos citar como exemplo de regras: evitar mensagens exclusivamente maiúsculas, grifos exagerados; não usar recursos de edição de texto como cores, tamanhos de fonte, em excesso; entre outras.

Tanto acredito nos benefícios da etiqueta que vou lançar um desafio, no qual eu também estou comprometido.

Na hora das refeições, o desafio é:

I.                    Cortar os alimentos com a faca na mão direita enquanto segura-se o garfo na mão esquerda. Ao terminar de cortar, inverta os talheres e coma com o garfo na mão direita.

II.                  Não colocar nenhuma comida no garfo com a ajuda da faca.

Vale lembrar que a principal dificuldade não é executar e sim fazê-lo de um hábito.

O objetivo desta “regra” é desacelerar o ritmo da refeição e como resultado uma melhor digestão.

Quando esse desafio deixar de ser desafio, e se agradar aos leitores, lançarei um novo.

AS CARTAS QUE VOCÊ NÃO MANDOU

Elas não precisavam ser declarações de amor. Não precisavam ter meias desculpas. Não precisavam contar como e com quem passou esses anos. E nem se seus dias de folga diminuíram. Não precisavam perguntar as minhas novidades. Não precisavam estar acompanhadas de fotos, agrados ou objetos de recordação. Muito menos de promessas, mesmo que fossem verdades.

Elas poderiam vir em branco. Materialmente, vazias.

A minha felicidade estaria no envelope. Bastava eu ler seu nome no remetente e eu entenderia tudo.

COMPLETA DE RISCO!

Esses dias eu li na revista ALFA uma entrevista com o Jhonny Depp. Há 15 anos ele era sozinho, odiava os filmes que fazia e esteve à beira de morte. Hoje ele é muito bem casado, tem dois filhos – e uma ilha no Caribe.

Igual a essa estória (verdadeira) existem outras... E eu, que não acredito em destino, fiquei a pensar como é possível tanta ascensão. Talvez encontrasse alguma lição que pudesse facilitar minha vida. E acho que encontrei.

Qualquer um naquela situação – infeliz – não tem muito o que perder. Ele dirigiu um filme e foi recebido por quase todos os críticos com resenhas ruins e zombarias. Foi preso ao quebrar um quarto de hotel em uma briga com sua namorada. Entre outras apostas...

...Aventurar-se é muito mais atrativo que estudar e trabalhar, como fazemos em maioria.

Não que seja um erro, de forma alguma, mas, às vezes, você tem um sonho e não vai atrás com medo de perder o que já tem.

O erro é abarcar no seu “porto-seguro” dinheiro, a opinião alheia e uma porção de desculpas.  

Mas a verdade é que as únicas coisas que nos vale são a família e os amigos. E isso não se perde fácil, não mesmo. Nem se tentar ser ator e no máximo se fantasiar de árvore. Nada disso.

Por tudo isso vamos ser mais confiantes. Vamos arriscar mais. Quem sabe não surge entre nós um famoso de Hollywood.

NASÇA HÁ DEZ MIL ANOS: RESPEITE!

Cada situação nos ensina uma lição. Aprende-se muito com as dificuldades, com as gentilezas, com os amores... Todas essas aprendizagens vão se tornando leis e, assim, formando o seu caráter. E todos nós juntos, uns com ótimos caráteres e outros nem tanto, formamos a nossa sociedade.

Mas será que teríamos que vivenciar todas as experiências possíveis e inimagináveis para errar, aprender e ter uma boa conduta a ponto de viver numa sociedade sem tantas tiranias? Fiquei preocupado, mesmo. Seria humanamente IMPOSSÍVEL.

E, depois de tanto pensar nisso, percebi que uma – por enquanto uma – regra esta presente em todos os ensinamentos, e já consegui ver uma luz no fim do túnel: respeito.

Não é tão simples quanto parece. Mas é mais fácil que viver dez mil anos como fez o velhinho sentado na calçada com uma cuia de esmola e uma viola na mão. E isso me tranquiliza.

Respeito é mais do que ‘bom dia’ e ‘obrigado’. É mais do que se segurar para não xingar alguém. Esses gestos primários são como ir à pré-escola para quem quer se formar em Harvard. Eu tapo meus olhos e finjo que todo mundo faz.

Mas o que eu gostaria mesmo era ver as pessoas olharem do ângulo do próximo. Eu vou dar um exemplo claro para o que estou dizendo:
Eu não tiro o direito dos homossexuais serem felizes como quiserem (quem sou eu pra fazer isso). Mas, não menos importante, é o direito que as pessoas têm de terem um tempo pra entender isso. E esse dia vai demorar a chegar enquanto houver tanto afrontamento (vindo das duas partes), desde piadinhas até paradas gays. Já deixou de ser uma luta por direito. Virou uma guerra. É um tentando extinguir o outro, sendo que o ideal sempre é o equilíbrio.

Respeite mais os seus pais quando chegam cansados, sua mulher que está de TPM, seu filho que ainda não viveu metade das suas experiências, seu professor que exerce a profissão mais importante do mundo e ganha uma miséria... Até mesmo o rapaz que esta no carro de trás, com pressa, atrasado para uma reunião importante. Quem ganha com isso é você.

Eu estou longe conseguir praticar exatamente tudo que escrevi acima. Mas escrever isso é firmar um compromisso com vocês. E eu não vou desrespeitá-los.

PRÓXIMA FASE.

A vida de relacionamentos é um jogo de fases. Eu passei mais uma.

A primeira fase é aquela que simplesmente não existe critério. E, como em todo jogo, a primeira fase é fácil. Nunca estamos sozinhos. Nem sempre é rápida, mas quando vê, já passamos.

A segunda é complicada. Você tem todos os critérios. Você busca a mulher perfeita. Sem defeitos. Cheia de qualidades (Ah, vá!). Resultado: fica sozinho. E, para alguém teimoso como eu, demooora pra passar.

Bom, eu superei as duas. Atingi o equilíbrio.

Tudo que não se dá valor, não tem valor. Tudo que não muda, enjoa. Por isso, eu quero alguém que cresça do meu lado, junto comigo. No meu ritmo. No nosso ritmo. Sem essa de perfeição. Sem essa história de que os opostos se atraem. Sem regra. Eu quero um amor que flutue. Não que seja sustentado pelo esforço, pelo sacrifício.  É como aquele lance de sincronia: combinar movimentos para que se dêem ao mesmo tempo. Se dêem. Se doem. Sem dor.

Não precisamos ter o mesmo ponto de partida. Afinal, não teremos ponto final.

P.S.: Os “monstros” dessa nova fase eu ainda não conheço. Mas com os que passaram, eu aprendi: faltar com respeito perde 1 uma vida.

CORDEL ENCANTADO.

Literatura de cordel, o romanceiro popular nordestino, contida em folhetos ilustrados pela técnica de xilogravuraⁱ e vendidos a baixo preço nas feiras, esquinas e mercados do Nordeste.

ⁱ: Xilogravura é a técnica de gravura na qual se utiliza madeira como matriz e possibilita a reprodução da imagem gravada sobre papel ou outro suporte adequado. É um processo muito parecido com um carimbo.

DE LADY GAGA INTÉ LEIDE GAGÁ

Nunca vi tanta gente
Vixe inté parece praga
Cuma é que si admira
Essa tá di leide gaga
Coxa iguá macambira
Fina, inrugada e maga

É sorte qui se istraga
É tempo pra si perdê
Cuma é que um matuto
Si põe in frente à tevê
Pra vê dois quilos de osso
E nem u’a grama intendê

É gente sem u qui fazê
Si vendo in quarqué lugá
Derna as leides mocinhas
Pareceno sabê si achá
Inté as coroas velhinhas
Sem querê sê leide gagá

HÉLIO FERREIRA

De Recife, Pernambuco.